• LAC FELINUM

    LAC FELINUM (lac‑f)

    Vive num con­stante con­fli­to entre o dese­jo de segu­rança e a bus­ca por liber­dade. A sua vida é mar­ca­da por um medo pro­fun­do da rejeição, de se afog­ar emo­cional­mente ou de perder o con­tro­lo, levando‑a a bus­car for­mas de escape na dança, nas via­gens e na moda. O com­por­ta­men­to rebelde, a resistên­cia a autori­dades e o medo do sexo opos­to são for­mas de ten­tar pro­te­ger-se num mun­do que percebe como ameaçador. No plano físi­co, as dores de gar­gan­ta, olhos e cis­tites refletem a sua ten­são emo­cional e men­tal, que se man­i­fes­ta tam­bém em medos irra­cionais e ataques de pâni­co. A com­plex­i­dade da sua condição requer uma abor­dagem holís­ti­ca e per­son­al­iza­da para aju­dar a equi­li­brar os seus medos e a sua bus­ca por liber­dade.

    Emo­cional­mente rev­ela uma com­plexa dico­to­mia entre a neces­si­dade de segu­rança e a bus­ca inces­sante por liber­dade e inde­pendên­cia, o que cria um con­stante con­fli­to inter­no. A sua vida é mar­ca­da por um pro­fun­do receio da rejeição e uma dependên­cia emo­cional dos out­ros, espe­cial­mente de par­ceiros mais jovens, ou em situ­ações de co-dependên­cia, como no caso de vícios. Prove­niente de uma estru­tu­ra famil­iar mono­parental, a paciente apre­sen­ta um medo sub­ja­cente de se afog­ar, asso­ci­a­do ao receio de abraços demasi­a­do fortes, como se temesse ser sufo­ca­da ou perder o con­tro­lo. Para com­pen­sar estas ansiedades, encon­tra na dança e nas via­gens uma fuga, aprovei­tan­do assim a liber­dade que tan­to alme­ja. Demon­stra ain­da uma grande lig­ação ao mun­do da moda e das tendên­cias, como for­ma de se expres­sar e afir­mar a sua iden­ti­dade.

    No com­por­ta­men­to, há uma forte resistên­cia a fig­uras de autori­dade e uma aver­são a ser man­da­da, refletindo uma rebel­dia típi­ca da ado­lescên­cia. A paciente é com­pet­i­ti­va, dom­i­nado­ra e, por vezes, man­i­fes­ta uma pos­tu­ra fem­i­nista indig­na­da, espe­cial­mente em relação ao sexo opos­to, com o qual demon­stra medo e descon­fi­ança exac­er­ba­dos. Estes com­por­ta­men­tos refletem uma ten­ta­ti­va de se pro­te­ger de pos­síveis ameaças, numa luta con­stante entre sub­mis­são e domínio.

    Men­tal­mente, vive assom­bra­da por medos irra­cionais, como o medo de obje­tos pon­ti­agu­dos, e pela ilusão de que é feia. Estes medos podem cul­mi­nar em ataques de pâni­co, que a deix­am par­al­isa­da. Além dis­so, a sua autocríti­ca é inten­sa, com uma con­sciên­cia mór­bi­da que a faz ampli­ficar cada peque­na fal­ha como se fos­se um crime grave. Este sen­ti­men­to de inad­e­quação ali­men­ta uma depressão de espíri­to, levan­do a paciente a oscilar entre momen­tos de sen­su­al­i­dade inten­sa e episó­dios de auto-despre­zo.

    Fisi­ca­mente, queixa-se fre­quente­mente de dores na gar­gan­ta e nos olhos, asso­ci­adas a cis­tites recor­rentes. Man­i­fes­ta tam­bém queixas ocu­lares, como cansaço, tremores e infla­mação, além de dores de cabeça local­izadas na área dos olhos, têm­po­ras e vér­tice frontal. As queixas res­pi­ratórias incluem uma opressão no peito e difi­cul­dade em res­pi­rar, espe­cial­mente em momen­tos de ansiedade ou pressão emo­cional.

    A sua relação com o cor­po e a ali­men­tação é igual­mente pecu­liar. A paciente demon­stra um dese­jo inco­mum de com­er papel e, ao mes­mo tem­po, exper­i­men­ta uma diminuição sig­ni­fica­ti­va do apetite, tor­nan­do-se intol­er­ante à fome em cer­tos momen­tos. Esta relação dis­fun­cional com a ali­men­tação reflete o con­fli­to inter­no entre o dese­jo de con­t­role e a neces­si­dade de se lib­er­tar de amar­ras exter­nas e inter­nas.

    Entre as suas ilusões, há uma sen­sação con­stante de que obje­tos pon­ti­agu­dos, como os can­tos dos móveis, estão prestes a ferir os seus olhos, o que aumen­ta a sua inqui­etação e sen­sação de vul­ner­a­bil­i­dade.


    TEMÁTICA

    O tema dos Lac abor­da prob­le­mas na lig­ação entre mãe e fil­ho, que podem ser cau­sa­dos por uma var­iedade de fatores, como doença mater­na, depressão pós-par­to, difi­cul­dades na ama­men­tação, pre­ma­turi­dade, ou sep­a­ração pre­coce. Ape­sar dess­es desafios, há um forte dese­jo de conexão, levan­do as cri­anças a adotarem com­por­ta­men­tos servis e respon­sáveis, refletindo uma carên­cia afe­ti­va.

    A dinâmi­ca famil­iar pode invert­er-se, com a mãe tor­nan­do-se depen­dente do fil­ho, geran­do uma relação de co dependên­cia. Em con­tex­tos onde a mãe é solteira, o fil­ho pode sen­tir a neces­si­dade de preencher o vazio deix­a­do pela ausên­cia de um par­ceiro parental. Essa situ­ação pode levar ao envolvi­men­to em causas soci­ais, como o fem­i­nis­mo, ou a uma pos­tu­ra rebelde, mas com uma causa clara e jus­ti­fi­ca­da. A espir­i­tu­al­i­dade pode tam­bém servir como um refú­gio ou uma for­ma de dar sen­ti­do à vida.

    A vitimiza­ção, acom­pan­ha­da de um sen­ti­men­to de indig­nação, pode sur­gir, espe­cial­mente em casos de abu­so, resul­tan­do em uma alternân­cia de com­por­ta­men­tos entre a bus­ca por justiça e a indifer­ença. Sen­ti­men­tos de cul­pa são per­sis­tentes e influ­en­ci­am a dinâmi­ca das relações famil­iares ao lon­go do tem­po.

    Além dis­so, um históri­co de abu­so na infân­cia, espe­cial­mente durante a fase de ama­men­tação, e prob­le­mas graves nas relações famil­iares ger­am con­fli­tos nos rela­ciona­men­tos atu­ais, difi­cul­tan­do a capaci­dade de supor­tar o toque e a intim­i­dade. Ao mes­mo tem­po, uma sex­u­al­i­dade aumen­ta­da e descon­tro­la­da, desprovi­da de restrições morais, provo­ca sen­ti­men­tos inten­sos de cul­pa, ver­gonha e auto-repugnân­cia. Ess­es con­fli­tos inter­nos podem man­i­fes­tar-se como transtornos ali­menta­res e Transtorno Obses­si­vo-Com­pul­si­vo (TOC).


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