LAC HUMANUM (lac‑h)
Questões emocionais e físicas profundamente enraizadas na sua ligação maternal e nas dinâmicas familiares. Desde o nascimento, houve uma falta de conexão com a mãe, possivelmente devido a complicações no parto ou a um ambiente emocionalmente frio e distante. Esta desconexão inicial gerou uma sensação de abandono, e mesmo quando lhe era oferecido amor, o paciente não conseguia absorvê-lo. Como resultado, passou a sentir-se frequentemente sozinho, rejeitando a sua família, sob a impressão de que não era amado.
Ao longo da infância, o paciente esforçou-se para conquistar o amor de uma mãe que percebia como fria, hostil e emocionalmente indisponível. Com o tempo, desenvolveu um comportamento precoce, assumindo o papel de cuidador da mãe, impulsionado pelo medo de ser rejeitado. Esta inversão de papéis gerou um profundo ressentimento, exacerbado pela sensação de que a mãe favorecia um irmão, do qual dependia emocionalmente, criando uma rivalidade entre eles.
A relação de fusão entre mãe e filho, onde a mãe confiava mais no amor do paciente do que no próprio marido, prejudicou as relações matrimoniais da mãe e alimentou a dependência emocional desta, especialmente em casos onde era mãe solteira, sem o apoio do pai. O paciente sentiu o peso dessa responsabilidade, agravado pela síndrome do ninho vazio, que a mãe experienciava.
Esta dinâmica influenciou profundamente a sua visão sobre o amor e as relações interpessoais. O paciente considera a relação mãe-filho sagrada e, ao longo da vida, desenvolveu uma intolerância à injustiça, especialmente em questões relacionadas com a autoridade masculina. Mostra uma forte propensão para se rebelar contra figuras de poder, com tendências feministas e um comportamento masculinizado. Em relação ao pai e ao marido, oscilou entre o ódio e a idolatria, refletindo a sua busca por um amor que muitas vezes lhe parece impossível de alcançar.
No plano profissional, o paciente manifesta um grande desejo de trabalhar com crianças, sentindo uma vocação para ser babysitter ou professora. Além disso, demonstra uma grande paixão por animais de estimação, particularmente por cachorros e outros bichinhos, que representam uma saída emocional para os seus afetos.
Mentalmente, o paciente lida com vários desafios, como a falta de concentração, autoconfiança diminuída, e sentimentos de desamparo e apatia. Assume uma responsabilidade excessiva pelo bem-estar dos outros e pela aceitação social, frequentemente sacrificando os seus próprios interesses e necessidades em prol dos outros. Embora se envolva em atividades altruístas, como ajudar familiares e amigos, isso pode levar a um vazio emocional e a episódios de depressão.
Entre as suas sensações e ilusões, surge uma constante sensação de abandono e isolamento, bem como um conflito interno entre os seus desejos de independência e as necessidades emocionais que surgem dessas relações complicadas.
Fisicamente, o paciente relata uma série de sintomas, incluindo transtornos alimentares e sintomas relacionados com o sistema genital feminino, como alterações menstruais. Sofre ainda de cefaleias recorrentes, além de problemas de pele, como eczema, particularmente desencadeado pelo consumo de leite. Outra característica do seu quadro clínico são os sonhos de morte, que acompanham frequentemente a sua experiência onírica.
Em termos de hábitos alimentares e sintomas, o paciente manifesta uma sede intensa e relata uma piora dos sintomas antes da menstruação, durante a amamentação, e após o consumo de álcool ou determinados alimentos. No entanto, sente-se melhor com a prática de exercício físico e durante a atividade sexual, que lhe proporciona algum alívio físico e emocional.
No fundo, este paciente vive um constante conflito entre a necessidade de cuidar e ser cuidado, lutando contra o peso emocional das suas relações familiares, enquanto tenta encontrar o seu próprio caminho e equilíbrio na vida adulta.
TEMÁTICA
O tema dos Lac aborda problemas na ligação entre mãe e filho, que podem ser causados por uma variedade de fatores, como doença materna, depressão pós-parto, dificuldades na amamentação, prematuridade, ou separação precoce. Apesar desses desafios, há um forte desejo de conexão, levando as crianças a adotarem comportamentos servis e responsáveis, refletindo uma carência afetiva.
A dinâmica familiar pode inverter-se, com a mãe tornando-se dependente do filho, gerando uma relação de co dependência. Em contextos onde a mãe é solteira, o filho pode sentir a necessidade de preencher o vazio deixado pela ausência de um parceiro parental. Essa situação pode levar ao envolvimento em causas sociais, como o feminismo, ou a uma postura rebelde, mas com uma causa clara e justificada. A espiritualidade pode também servir como um refúgio ou uma forma de dar sentido à vida.
A vitimização, acompanhada de um sentimento de indignação, pode surgir, especialmente em casos de abuso, resultando em uma alternância de comportamentos entre a busca por justiça e a indiferença. Sentimentos de culpa são persistentes e influenciam a dinâmica das relações familiares ao longo do tempo.
Além disso, um histórico de abuso na infância, especialmente durante a fase de amamentação, e problemas graves nas relações familiares geram conflitos nos relacionamentos atuais, dificultando a capacidade de suportar o toque e a intimidade. Ao mesmo tempo, uma sexualidade aumentada e descontrolada, desprovida de restrições morais, provoca sentimentos intensos de culpa, vergonha e auto-repugnância. Esses conflitos internos podem manifestar-se como transtornos alimentares e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).