• Lac vaccinum

    Lac vac­cinum

    No domínio emo­cional, demon­stra uma tendên­cia à pas­sivi­dade, com uma pos­tu­ra retraí­da, evi­tan­do riscos e com medo de ser rejeita­do ou fal­har. Este com­por­ta­men­to reflete uma pro­fun­da sen­sação de invis­i­bil­i­dade, onde se sente igno­ra­do e neg­li­gen­ci­a­do, sem cor­agem para se impor, o que resul­ta num ressen­ti­men­to silen­cioso. A sua autoes­ti­ma está grave­mente com­pro­meti­da, e há uma per­cepção de que a família não gos­ta dele, preferindo os irmãos. Este sen­ti­men­to de exclusão pode levá-lo a cor­tar relações famil­iares e a aceitar empre­gos abaixo da sua qual­i­fi­cação.

    Além dis­so, o paciente apre­sen­ta sin­tomas de co-dependên­cia, com uma neces­si­dade con­stante de cuidar dos out­ros e uma enorme difi­cul­dade em diz­er “não”. Ele assume fre­quente­mente a respon­s­abil­i­dade pelos prob­le­mas alheios e tende a sen­tir-se cul­pa­do por não con­seguir resolvê-los. Atrai par­ceiros car­entes e evi­ta rela­cionar-se com pes­soas que respei­ta ou acha atraentes, preferindo man­ter uma dis­tân­cia emo­cional. Esta tendên­cia pode estar rela­ciona­da a trau­mas de infân­cia, par­tic­u­lar­mente a uma pos­sív­el sep­a­ração pre­coce da mãe ou a uma defi­ciên­cia nutri­cional nesse perío­do. A con­fi­ança na figu­ra mater­na parece ter sido traí­da, e, como resul­ta­do, o paciente tem difi­cul­dades em con­fi­ar no fem­i­ni­no, preferindo con­fi­ar nos home­ns, emb­o­ra não se rela­cione inti­ma­mente com eles.

    No domínio men­tal e com­por­ta­men­tal, há uma rai­va suprim­i­da, que se man­i­fes­ta em com­por­ta­men­tos teimosos e desafi­adores, espe­cial­mente na infân­cia, onde era vis­to como uma cri­ança sociáv­el, mas obe­sa, hipoa­t­i­va e aves­sa ao con­sumo de leite. A sen­sação de vitimiza­ção está pre­sente, jun­ta­mente com medos inten­sos, como o medo de mor­rer, ser ata­ca­do, ficar pre­so ou sofr­er vio­lên­cia por parte de home­ns. Estes medos exac­er­bam um esta­do de aler­ta con­stante, con­tribuin­do para o seu mal-estar psi­cológi­co.

    Em ter­mos de saúde físi­ca, o paciente apre­sen­ta transtornos nutri­cionais, pos­sivel­mente agrava­dos por uma história de má nutrição infan­til, bem como sin­tomas de dia­betes mel­li­tus (DM). Queixa-se de dores de cabeça fre­quentes, prob­le­mas gástri­cos e per­tur­bações urinárias. O seu esta­do ger­al pio­ra em situ­ações de frio, o que pode agravar os sin­tomas físi­cos e emo­cionais.

    Este per­fil rev­ela um indi­ví­duo que luta com sen­ti­men­tos pro­fun­dos de inad­e­quação e exclusão, com uma história emo­cional e famil­iar que moldou o seu com­por­ta­men­to atu­al, crian­do padrões de dependên­cia e sub­mis­são, tan­to nos rela­ciona­men­tos pes­soais quan­to profis­sion­ais.


    TEMÁTICA

    O tema dos Lac abor­da prob­le­mas na lig­ação entre mãe e fil­ho, que podem ser cau­sa­dos por uma var­iedade de fatores, como doença mater­na, depressão pós-par­to, difi­cul­dades na ama­men­tação, pre­ma­turi­dade, ou sep­a­ração pre­coce. Ape­sar dess­es desafios, há um forte dese­jo de conexão, levan­do as cri­anças a adotarem com­por­ta­men­tos servis e respon­sáveis, refletindo uma carên­cia afe­ti­va.

    A dinâmi­ca famil­iar pode invert­er-se, com a mãe tor­nan­do-se depen­dente do fil­ho, geran­do uma relação de co dependên­cia. Em con­tex­tos onde a mãe é solteira, o fil­ho pode sen­tir a neces­si­dade de preencher o vazio deix­a­do pela ausên­cia de um par­ceiro parental. Essa situ­ação pode levar ao envolvi­men­to em causas soci­ais, como o fem­i­nis­mo, ou a uma pos­tu­ra rebelde, mas com uma causa clara e jus­ti­fi­ca­da. A espir­i­tu­al­i­dade pode tam­bém servir como um refú­gio ou uma for­ma de dar sen­ti­do à vida.

    A vitimiza­ção, acom­pan­ha­da de um sen­ti­men­to de indig­nação, pode sur­gir, espe­cial­mente em casos de abu­so, resul­tan­do em uma alternân­cia de com­por­ta­men­tos entre a bus­ca por justiça e a indifer­ença. Sen­ti­men­tos de cul­pa são per­sis­tentes e influ­en­ci­am a dinâmi­ca das relações famil­iares ao lon­go do tem­po.

    Além dis­so, um históri­co de abu­so na infân­cia, espe­cial­mente durante a fase de ama­men­tação, e prob­le­mas graves nas relações famil­iares ger­am con­fli­tos nos rela­ciona­men­tos atu­ais, difi­cul­tan­do a capaci­dade de supor­tar o toque e a intim­i­dade. Ao mes­mo tem­po, uma sex­u­al­i­dade aumen­ta­da e descon­tro­la­da, desprovi­da de restrições morais, provo­ca sen­ti­men­tos inten­sos de cul­pa, ver­gonha e auto-repugnân­cia. Ess­es con­fli­tos inter­nos podem man­i­fes­tar-se como transtornos ali­menta­res e Transtorno Obses­si­vo-Com­pul­si­vo (TOC).


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