• LATRODECTUS HASSELTI

    LATRODECTUS HASSELTI

    Uma per­son­al­i­dade mar­ca­da por uma sen­sação per­sis­tente de fra­cas­so e uma história lon­ga de insuces­sos, espe­cial­mente na bus­ca por algo de val­or ou propósi­to. A con­stante frus­tração e insat­is­fação lev­am-no a recla­mar fre­quente­mente e a chamar a atenção para si, num esforço para obter com­paixão e com­preen­são. A dependên­cia do côn­juge é notória, emb­o­ra ele ten­da a descon­fi­ar do apoio rece­bido, con­ven­cen­do-se de que a sua situ­ação é irremediáv­el e que nada poderá mel­ho­rar o seu esta­do.

    Ape­sar de ten­ta­ti­vas sin­ceras de ser um tra­bal­hador efi­ciente e um côn­juge ded­i­ca­do, os seus esforços pare­cem sem­pre frustra­dos, resul­tan­do numa perceção de futil­i­dade em tudo o que faz. Como con­se­quên­cia, pode acabar por desen­volver doenças que reforçam essa crença de inutil­i­dade, uti­lizan­do a sua frag­ili­dade físi­ca ou o esta­do de saúde como des­cul­pa para evi­tar respon­s­abil­i­dades e, ao mes­mo tem­po, reforçar a ideia de que a vida é uma batal­ha per­di­da. A con­stante lamen­tação sobre a sua condição tor­na-se uma for­ma de atrair atenção, sem, no entan­to, procu­rar soluções ati­vas para os seus prob­le­mas.

    Este padrão com­por­ta­men­tal é agrava­do por uma sen­si­bil­i­dade extrema a choques e trau­mas, que são fre­quente­mente inter­pre­ta­dos como ameaças à sua vida, geran­do uma angús­tia inten­sa e incon­troláv­el per­ante a pos­si­bil­i­dade de morte. Sen­ti­men­tos de perseguição podem sur­gir, tornando‑o um paciente difí­cil de tratar, resistente à comu­ni­cação aber­ta com os médi­cos e preferindo ape­nas queixar-se, sem uma ver­dadeira aber­tu­ra para o trata­men­to. A descon­fi­ança em relação aos out­ros e a bus­ca con­stante por atenção através das queixas acabam por iso­lar o paciente.

    Fisi­ca­mente, obser­va-se uma hipersen­si­bil­i­dade a ruí­dos, asso­ci­a­da a um desapego emo­cional sig­ni­fica­ti­vo e uma fal­ta de envolvi­men­to nas relações inter­pes­soais. Há uma neces­si­dade cres­cente de se tornar mais duro e despren­di­do, pos­sivel­mente como uma for­ma de auto­pro­teção emo­cional. No entan­to, essa pos­tu­ra não impede que se pre­ocupe pro­fun­da­mente com a justiça, mostran­do uma indig­nação vee­mente per­ante situ­ações que con­sid­era injus­tas. O paciente rev­ela uma tendên­cia para ser críti­co, jul­gador e ressen­ti­do, espe­cial­mente em relação a questões que envolvem a hon­ra e even­tos do pas­sa­do.

    Entre os sin­tomas físi­cos mais notáveis, encon­tra-se um peso per­sis­tente, uma sen­sação de entor­pec­i­men­to e ina­tivi­dade pro­lon­ga­da, con­tra­stan­do com momen­tos de cal­ma e até con­tenta­men­to. Os son­hos são fre­quente­mente povoa­d­os por ima­gens de flu­tu­ação e voo, além de cenas rela­cionadas com água, como nadar ou ser persegui­do por mon­stros. Estes pacientes podem sen­tir um dese­jo inten­so por comi­da e bebidas amar­gas, refletindo os seus padrões de com­por­ta­men­to ali­menta­res.

    Out­ro aspec­to físi­co sig­ni­fica­ti­vo é a aver­são ao toque, exce­to numa área especí­fi­ca, o clí­toris, onde há uma sen­si­bil­i­dade aumen­ta­da, con­duzin­do a um incre­men­to do dese­jo sex­u­al. Em suma, este paciente enfrenta um com­plexo mis­to de insat­is­fação emo­cional, sin­tomas físi­cos e questões de auto imagem, que exigem uma abor­dagem cuida­dosa e com­preen­si­va para trata­men­to e recu­per­ação.


    TEMÁTICA

    O tema das ara­nhas, expres­sa con­fli­tos com a figu­ra mater­na são um tema cen­tral, com a hiper­a­tivi­dade infrutífera, oposição e descon­fi­ança resul­tan­do do sen­ti­men­to de fal­ta de decisão e cas­tração provo­ca­dos por uma mãe dom­i­nado­ra, neg­li­gente, fria e críti­ca. Esta dinâmi­ca leva a um com­por­ta­men­to destru­ti­vo como uma for­ma de punição à mãe.

    A bus­ca por atenção é fre­quente­mente man­i­fes­ta­da por meio de hipocon­dria e dependên­cia, e ape­sar de afas­tar e punir os out­ros estrate­gi­ca­mente, o sen­ti­men­to de estar con­tra ele é vis­to como a raiz de todos os seus prob­le­mas. Sua impul­sivi­dade pode evoluir para cru­el­dade e vio­lên­cia repenti­na. O com­por­ta­men­to pode vari­ar entre bom humor e brin­cadeiras, mas tam­bém pode se trans­for­mar em sar­cas­mo, per­ver­ta e engano. Existe uma sen­sação con­stante de perseguição e um dese­jo de não ser toca­do. A pes­soa tam­bém demon­stra uma forte apre­ci­ação por vibrações, dança, músi­ca, rit­mo (peri­od­i­ci­dade) e cores flu­o­res­centes.

    O indi­ví­duo apre­sen­ta disci­ne­sia, com um rit­mo alter­ado e aver­são à plen­i­tude, o que pode inter­ferir em sua hiper­a­tivi­dade. Pode ser mis­antrópi­co, vinga­ti­vo e ofen­si­vo, escon­den­do uma vul­ner­a­bil­i­dade sub­ja­cente expres­sa em medo da morte e ansiedade de sep­a­ração. Em ter­mos de sim­bolis­mo ani­mal, enquan­to ara­nhas e escor­piões são ambi­ciosos, ape­nas os escor­piões alcançam resul­ta­dos reais; ara­nhas fre­quente­mente enfrentam con­fli­tos com a mãe, enquan­to escor­piões lidam com con­fli­tos rela­ciona­dos ao pai. A sen­sação de estar aper­ta­do ou amar­ra­do é fre­quente, com uma visão em túnel que é expres­sa em gestos. A pes­soa se sente sus­pen­sa entre a ter­ra e o céu, refletindo uma sen­sação de desconexão.

    O primeiro sin­toma notáv­el é a inqui­etude, man­i­fes­ta­da por uma ener­gia ner­vosa abun­dante que é difí­cil de con­tro­lar e está sem­pre à beira de um tumul­to (asso­ci­a­do ao Arsenicum album). A ansiedade é tão inten­sa que o movi­men­to con­tín­uo parece aliviar, e o autismo é uma man­i­fes­tação extrema des­ta inqui­etação. Remé­dios para ara­nhas podem ser indi­ca­dos em todo o espec­tro autís­ti­co.

    Além dis­so, podem ocor­rer dis­túr­bios ali­menta­res como bulim­ia e anorex­ia. A sen­sação de estar amar­ra­do à Ter­ra, mes­mo estando no ar, reflete uma con­fusão e des­ori­en­tação gen­er­al­iza­da, como se não estivesse total­mente em nen­hum lugar especí­fi­co.

    Essa sen­sação de desconexão com o tem­po é acom­pan­ha­da por des­ori­en­tação, fal­ta de clareza, erros fre­quentes, fraque­za de memória e até mes­mo con­fusão de iden­ti­dade. Através de sua sen­si­bil­i­dade, a pes­soa tem um con­hec­i­men­to agu­do das pes­soas, mas não uma com­preen­são real do que isso sig­nifi­ca. É sen­sív­el ao ambi­ente, mas sem uma for­ma ade­qua­da de reg­u­lar essa sen­si­bil­i­dade, o que fre­quente­mente resul­ta em hipersen­si­bil­i­dade. Os sen­ti­dos de visão, olfa­to e pal­adar tam­bém são exces­si­va­mente sen­síveis.

    Emb­o­ra seja capaz de cap­tar o esta­do de espíri­to e a sen­si­bil­i­dade dos out­ros, a fal­ta de com­preen­são real sobre como rea­gir ade­quada­mente a essas perceções pode cri­ar difi­cul­dades. A inqui­etação está asso­ci­a­da à ansiedade, que se man­i­fes­ta como uma inqui­etação men­tal, resul­tan­do em ver­ti­gens e uma fal­ta de esta­bil­i­dade na expressão, com mudanças ráp­i­das e sem causa aparente.


tradutor
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